sexta-feira, 24 de abril de 2009

Alerta contra dengue na Região Norte da capital

Rua do Bairro Guarani concentra 20 casos de dengue num quarteirão. Moradores suspeitam que parque ecológico (foto) próximo seria o principal foco do mosquito Aedes aegypti na região, que lidera o ranking da dengue na cidade com 2.086 casos já confirmados.

Gledson Leão
Repórter


A Rua Adão Maciel, no Bairro Guarani, na Região Norte de Belo Horizonte, tem apenas um quarteirão e concentra pelo menos 20 casos de dengue, conforme explicou os moradores, que buscam descobrir o motivo para a suposta “infestação”. Alguns deles, ainda esperam a confirmação de exames, mas quase todos estão apreensivos por causa da doença.

A última vítima da dengue na rua foi o motorista Nilson de Deus Alves, de 34 anos, que procurou ajuda médica na última quarta-feira, depois de sentir dores pelo corpo e não ter forças para trabalhar. "Foi horrível, num primeiro instante, pensei que fosse gripe, mas, em seguida, começaram a aparecer manchas pelo meu corpo e senti muita dor nas pernas. Eu não conseguia nem andar. Então, meu irmão me levou ao hospital", explicou o motorista.

Nilson fez exames que deram positivo para dengue. "Fizeram coleta de sangue e urina, que indicaram plaquetas e leucócitos baixos. Depois, passei por hidratação na veia e por pouco não me internaram. Hoje (ontem), só consegui me levantar por causa dos remédios que estou tomando, além de muito líquido", ressaltou o motorista, que não soube explicar o fato de que a maioria dos moradores tiveram a doença. "Os agentes estão sempre aqui, e os vizinhos fazem de tudo para evitar os focos do Aedes aegypti. Acredito que o importante e nos concentrarmos dentro nas nossas casas", finalizou.

O Bairro Guarani está localizado na Região Norte, que lidera o ranking da dengue na cidade, com 2.086 casos confirmados em 4.346 notificações, segundo o último balanço divulgado quarta-feira pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Em seguida, aparecem Pampulha, com 405 confirmações em 1.094 notificações.

No início desta semana, alguns moradores se reuniram e saíram em busca locais com focos do mosquito. Para eles, a principal suspeita é o Parque Ecológico Nossa Senhora da Piedade, localizado no final da rua. “O parque foi criado há um ano e é bem cuidado, entretanto, acreditamos que em algum ponto dele possa ter o foco deste mosquito, já que lá tem uma lagoa, um córrego, só pode ser isso”, explicou a dona de casa Maria das Graças, de 40 anos, que mora no número 40 da rua.

A aposentada Maria Aparecida, 58 anos, concorda com Maria, mas ressalta que o problema pode estar também em lotes vagos. “Os agentes da prefeitura chegaram a encontrar focos do mosquito até dentro de uma escola próxima da gente e tem muita casa abandonada na região. Nós temos é que tomar conta um dos outros ser um pelo outro. Só assim poderemos acabar com o problema”, disse a aposentada, que teve dengue no final de maio, no mesmo período que sua filha Sara, de 18 anos, também foi vítima do Aedes aegypti. “É incrível a forma como todos na rua já sofreram por causa da dengue. O número tem diminuído, mas sempre há um novo caso”, disse a jovem.

Por outro lado, a Regional Norte, por meio de sua assessoria, explicou que realmente alguns moradores da região ligam informando a suspeita, mas, que no parque é feito limpeza ostensiva semanalmente, com uma varredura dos agentes de zoonoses. Entretanto, como o parque é aberto ao público, é necessário o empenho de todos. Um dos problemas levantados com relação ao parque, seria o córrego. A regional ressaltou que foi feito um estudo no percurso deste para localizar possíveis focos. Através dele, foi descoberto uma área particular, abaixo do nível da rua, gerando um vale, que quando chove acumulava água. Neste local foi feito um trabalho intensivo para eliminar possíveis focos, sendo monitorado também semanalmente.

Conforme a Regional, 80% dos focos de mosquito da dengue, na região estão nas casas. O restante em lixões e bota-foras. No bairro, num total de 4.164 residências, apenas 7% das moradias não foram vistoriadas e os agentes estão alternando horários de visita para encontrar as famílias, sendo que donos de lotes vagos estão sendo ainda notificados a corrigir possíveis problemas.

Outro problema apontado pelos moradores com relação à dengue, seria a superlotação dos centros de saúde. No Centro de Saúde Guarani, seguindo a tendência das unidades médicas da região, continua sendo muito procurado por pacientes com suspeita de dengue. No local, foram afixados cartazes explicando que, na unidade, tem uma equipe exclusiva para atender pessoas com os sintomas da doença, mas, uma funcionária que não quis se identificar disse a procura pela unidade é grande, e que uma nova equipe já foi solicitada para prefeitura.

No local, a estudante Janaína Valeska Alves, 15 anos, ontem, era mais uma na fila procurando ajuda. “Outro dia vim aqui trazer um primo meu. Hoje (ontem), sou eu”, disse Janaína, que sentia dores no corpo e manchas nos braços.

Conforme a prefeitura, três centros de saúde ficaram abertos neste fim de semana, das 8 às 17 horas, para atendimento exclusivo à pessoas com dengue ou suspeita da doença: no 1º de Maio, na Região Norte; São Paulo, na Nordeste; e São Geraldo, atendendo a região Leste.

Na próxima segunda-feira, dia 27, será realizado um megamutirão, que percorrerá área que corresponde a 63 quarteirões no Bairro Primeiro de Maio, na Região Norte. Os agentes de mobilização já estão no local visitando os imóveis e conscientizando a população sobre o que deve ser colocado para coleta.